Rui Barbosa andando pela zona rural quando a estrada chegou à
beira de um rio. Havia uma balsa amarrada a um tronco, e nela um negão forte,
que era o remador. Rui, cansado de andar, apoiando-se numa bengala, dirigiu-se
a ele:
“Ó, nobre etíope de estatura avantajada! Quanto queres de
remuneração pecuniária para trasladar meu indelével corpo deste polo àquele
hemisfério? Peço-te que uses de magnanimidade ao fazer o cômputo da remuneração
monetária a que tens direito, porque apesar da sisudez de minha indumentária
estou longe de ser um nababo ou potentado, e não disponho de lastro fiduciário
para fazer frente a um débito de maiores proporções”.
O barqueiro ficou perplexo e disse algo como: “Eita doutor, o senhor tá falando inglês?!” Rui tornou de imediato:
O barqueiro ficou perplexo e disse algo como: “Eita doutor, o senhor tá falando inglês?!” Rui tornou de imediato:
“Ah, aborígine de mentalidade incúria! Se o dizes por mera
ignorância intrínseca ao teu ser, e por falta de luzes civilizatórias auferidas
na mais tenra infância, então transijo. Mas se pretendes menoscabar a minha
alta prosopopéia, pespegar-te-ei um golpe, com meu poderoso báculo, que irá
fender tua caixa craniana e espalhar pela paisagem a massa encefálica de que
não fazes uso, produzindo um ribombo tão ensurdecedor que fará estremecer o
entroncamento das sequóias e afugentará para sempre as aves migratórias deste
meridiano!”.
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Conta-se que Rui Barbosa, "O Águia de Haya", um
dia ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal.
Chegando lá, deparou com um ladrão com a mão na massa,
pronto pra levar seus patos de criação.
Ele, Rui, aproximou-se vagarosamente do indivíduo e,
surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:
- Oh, bucéfalo anácrono!
Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes
palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da
minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.
Se fazes isso por necessidade, transijo...
Mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de
cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da
tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima
potência que o vulgo denomina nada.
E o ladrão, completamente confuso, diz:
- Dotô, eu levo ou deixo os pato?...
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